24/09/2024

O precursor da pregação expositiva

Esdras nasceu no exílio. Ao nascer, a primeira leva de judeus já havia retornado a Jerusalém. Mesmo em terra estranha, ele dedicou-se a estudar a palavra de Deus, tornando-se um escriba versado na lei de Moisés. Seu profundo conhecimento não tinha o propósito apenas de ter luz na mente. Ele também colocou em prática o que aprendeu. Mas não parou aí. Ele ensinou aos outros o que conhecia e praticava. Esdras pregava aos ouvidos e aos olhos. Ele conhecia e fazia, fazia e ensinava. A explicação e a aplicação das Escrituras fez dele o pai da pregação expositiva. Destacamos, aqui, portanto, três aspectos desse mestre, escriba e sacerdote.

 

Em primeiro lugar, ele aplicou o coração a conhecer a lei de Deus (Esdras 7.10). Não se ensina corretamente sem conhecer profundamente. Afadigar-se na Palavra precede o ensinar eficazmente a Palavra. Quem cessa de aprender, cessa de ensinar. Não podemos dar o que não temos. Primeiro o pregador aplica o seu coração a conhecer, depois ele se levanta para ensinar. Escasseiam-se os pregadores aplicados no conhecimento das Escrituras. Os púlpitos estão rasos e os pregadores superficiais. Quando os púlpitos fracassam no conhecimento, as ovelhas se tornam desnutridas, fracas e vulneráveis. Mais do que nunca precisamos de um reavivamento nos púlpitos. É urgente uma sacudidela nos pregadores acomodados, a fim de que se esmerem no ensino e manejem bem a palavra da verdade.

 

Em segundo lugar, ele aplicou o coração para obedecer a lei de Deus (Esdras 7.10). O pregador não é um orador que discursa diante do auditório nem um ator que dramatiza uma mensagem no palco. Ele primeiro conhece o que prega; depois vive o que prega; e só então prega eficazmente. A vida do pregador é a vida de sua mensagem. Deus está mais interessado em caráter do que em carisma. Deus se importa mais com a vida privada do pregador do que em seu desempenho em público. Esdras cuidou de si mesmo antes de cuidar do rebanho de Deus. Ele pregou a si mesmo antes de embocar a trombeta à congregação. Sua vida era avalista de suas palavras. Seu testemunho, o exemplo de sua prédica.

 

Em terceiro lugar, ele aplicou o coração a ensinar a lei de Deus (Esdras 7.10). Conhecer e viver precedem o ensinar. Só aqueles que conhecem e praticam estão aptos a ensinar com fidelidade e eficácia. A palavra precisa ser preservada de contaminação e nela precisamos permanecer. Mas não basta mantê-la intacta. A palavra precisa ser proclamada. Esdras não guardou esse depósito apenas para si. Ele ensinou a palavra. Ele leu, explicou e aplicou a palavra, a ponto de todos entenderem. Sua mensagem era clara e profunda. Atingia o intelecto, as emoções e a vontade. Um reavivamento ocorreu em Jerusalém como fruto de sua pregação (Neemias 8.1-12). Mudanças profundas ocorreram. Arrependimento sincero foi notado. Uma volta para Deus foi constatada. Jerusalém foi restaurada física e espiritualmente.

 

Que Deus nos dê pregadores da estirpe de Esdras. Que experimentemos, em nossos dias, um poderoso reavivamento promovido pela pregação fiel e zelosa das Escrituras!

 

Rev. Hernandes Dias Lopes