19/02/2025

O mecanismo da injustiça

"Os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que nela habitavam fizeram como Jezabel lhes ordenara, segundo estava escrito nas cartas que lhes havia mandado” (1Reis 21:11).

 

O rei Acabe recebeu o epíteto de “pior rei de Israel”. Ele se vendeu para fazer o mal. Além disso, casou-se com Jezabel, uma mulher feiticeira, assassina e mandona. O rei Acabe era apenas um boneco em suas mãos. Essa mulher perversa impôs o culto a Baal em Israel à força da espada, perseguiu e matou os profetas de Deus. O governo desse monarca foi carimbado pela idolatria, injustiça e  juízo de Deus.
 

Agora, Acabe está em seu palácio de verão em Jezreel, cobiçando a vinha de Nabote. Como a vinha estava ao lado do palácio real, queria comprá-la. O proprietário, porém, seguindo estritamente as orientações da lei divina, não se desfez da vinha, pois se tratava de herança de família. O rei ficou desgostoso e muito irritado com a intransigência de Nabote. Jezabel, a primeira dama do Estado, passou uma descompostura no rei e prometeu dar a ele a vinha de Nabote.

    
Jezabel arquitetou um plano maligno para matar Nabote e apropriar-se sua vinha. Escreveu cartas com selo real, assinadas com o sinete do rei e enviou-as aos anciãos e nobres de Jezreel, ordenando-os a convocar um jejum, reunir o povo para uma espécie de assembleia solene. Orientou-os a contratarem duas testemunhas, homens malignos, para acusarem Nabote de blasfêmia contra Deus e contra o rei. Então, diante dessa acusação grave, deveriam levar Nabote para fora da cidade e apedrejá-lo até à norte.

    
Um crime hediondo foi planejado com ares de legalidade. Cartas oficiais, com papel timbrado, foram enviadas para os líderes, representantes legais da cidade, para serem os agentes desse assassinato. Nenhum questionamento foi feito por esses anciãos e nobres da cidade. Obediência cega. Submissão covarde. O mecanismo corrupto foi posto em ação sem qualquer pudor. As ordens dadas foram ordens cumpridas. A morte de Nabote foi resultado da crueldade de Jezabel e da omissão covarde dos líderes da cidade. A injustiça foi praticada porque as ordens superiores não foram confrontadas. O mal foi praticado porque aqueles que deveriam ter resistido à clamorosa injustiça contra o inocente foram corresponsáveis pela tragédia. O Senhor Jesus alertou-nos: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10:28).

    
Nabote foi apedrejado por ordem de Jezabel, pela omissão dos nobres e anciãos e pela covardia dos homens de Jezreel. Não apenas Nabote foi assassinado, mas, também, todos os seus filhos (2Reis 9:26). Jezabel não deixou nenhum herdeiro para reivindicar, no futuro, a posse da vinha. O profeta Elias, por ordem divina, acusou Acabe de matar Nabote e ainda se apropriar de sua vinha. Acabe é culpado de assassinato e roubo. Deus não permitiu que o rei Acabe tomasse posse da vinha. Ao contrário, enquanto estava se apropriando da vinha, o profeta Elias trouxe uma sentença de morte para ele, Jezabel e toda a sua família. O pecado não compensa. O pecado promete prazer e paga com desgosto; o pecado promete liberdade e escraviza; o pecado promete vida e mata.

    
Que Deus nos livre de cobiçar o que não nos pertence. Que Deu nos livre de adquirirmos riquezas de forma injusta e ilícita. Que Deus nos livre de agirmos com violência contra o próximo. Que Deus nos dê um coração grato e satisfeito com sua bondade.


Rev. Hernandes Dias Lopes