12/05/2023

O Anelo pela presença de Deus

Davi consolida o seu reino, vencendo seus inimigos e recebendo ajuda de seus aliados. As tribos de Israel fazem aliança com ele e a nação prospera a olhos vistos. Então, Davi toma a decisão de trazer a arca da aliança para Jerusalém. A arca era mais do que uma caixa de madeira revestida de ouro, abrigando em seu seio hospitaleiro as tábuas da lei, o vaso com maná e a vara seca de Arão que floresceu. A arca era um símbolo da presença de Deus, onde a glória de Deus se manifestava. A arca era um objeto sagrado que apontava para Cristo, o Deus Emanuel. O anseio pela presença de Deus em Jerusalém levou Davi a fazer uma grande expedição para buscar a arca. Riquezas, reconhecimento, poder e prosperidade não eram substitutos da presença de Deus. Mais do que coisas, Davi ansiava pela presença de Deus. Mais do que bênçãos, Davi desejava o abençoador. Esse episódio enseja-nos algumas lições:

           

Em primeiro lugar, a presença de Deus deve ser a nossa maior aspiração. Davi escala trinta mil homens para essa expedição. A arca é trazida sob o som da música e os cânticos de júbilo. Davi, pessoalmente, lidera essa multidão, que vem trazendo a arca para a capital da nação. O rei não se esquece de Deus no tempo da prosperidade. Ele não se contenta com suas conquistas e vitórias. Anseia por Deus. Busca em primeiro lugar o reino de Deus. Sua devoção é demonstrada no entusiasmo como celebra junto com o povo o transporte da arca rumo à cidade da paz. O gesto de Davi deve nos levar a esse mesmo sentimento. Temos as bênçãos de Deus, mas devemos desejar a presença de Deus. Temos os sinais da bondade de Deus, mas devemos anelar pelos lampejos da glória de Deus. As dádivas de Deus não podem ser um substituto da presença de Deus. 

 

           

Em segundo lugar, a presença de Deus merece a nossa maior reverência. Enquanto a arca estava sendo transportada, um acidente aconteceu. Os bois tropeçaram e Uzá segurou a arca para que ela não caísse. Seu gesto foi interpretado como um ato irreverente e Deus ceifou ali mesmo a sua vida. Esse episódio causou tristeza e medo em Davi e em todo o povo. E uma lição ficou para as futuras gerações. As coisas de Deus precisam ser tratadas com reverência e santo temor. Não podemos banalizar a presença do Deus três vezes santo. Ninguém deve se aproximar de Deus de forma irrefletida e irreverente. Ele é fogo consumidor. Diante dele até os serafins cobrem o rosto.

           

Em terceiro lugar, a presença de Deus é digna da nossa maior celebração. A marcha triunfal do transporte da arca foi interrompida. Enviaram-na à casa de Obede-Edom. O Senhor abençoou a casa dele por causa da arca. E então, Davi com efusivo entusiasmo, com santo temor e com exuberante celebração, traz a arca da casa de Obede-Edom até Jerusalém. Davi dançava diante de todo o povo com todas as suas forças. Ele não se exaltou diante do povo, mas humilhou-se diante do Senhor. Ele foi repreendido por Milca, filha de Saul, pela sua postura de exultação diante da arca. Longe, porém, de se abater, reafirmou sua devoção irrestrita ao Senhor e sua alegria com o emblema da presença de Deus na capital de Israel.

           

A atitude de Davi é uma lição para a nossa geração. Deus tem nos abençoado de uma forma tão esplêndida. Com frequência, contentamo-nos com essas bênçãos e esquecemo-nos do abençoador. O doador, porém, é melhor do que suas dádivas. O Deus das bênçãos é melhor do que as bênçãos de Deus. A maior necessidade nossa não é de coisas, é de Deus. O maior deleite de nossa alma não deve estar nas coisas recebidas, mas em Deus, a fonte de onde procede todas as boas dádivas. Que à semelhança de Davi, possamos desejar Deus mais do que as benesses de Deus.

 

Rev. Hernandes Dias Lopes